segunda-feira, 5 de março de 2012

Objeto museológico do mês - Março

Título: Retrato póstumo de José Relvas
Autor / data: José Malhoa, 1930.
Técnica: Óleo sobre tela.
Inscrições: Frente: José Malhoa [Assinatura] /4-3-1930


O retrato de José de Mascarenhas Relvas (1858 - 1929) é executado por José Malhoa, por certo copiado de fotografia, após a morte do retratado, em 1930. José Relvas, político, colecionador e lavrador foi sem dúvida uma figura marcante na História do Portugal Contemporâneo. Republicano convicto, exerce funções como Ministro das Finanças e representante diplomático de Portugal em Espanha[1].
Além da política, José Relvas dedicou-se também à Agricultura onde procura salvaguardar os seus interesses e o dos seus conterrâneos, nomeadamente na questão vinícola. Destaca-se sobretudo como produtor de vinhos, com escritório em Lisboa, criando a marca Ribatejo.
Homem culto, profundamente conhecedor da cultura portuguesa, ao longo de várias décadas procura adquirir várias obras de arte. A coleção de José Relvas, legada à Vila de Alpiarça, é uma das melhores e mais representativas coleções de arte privadas, abangendo peças desde o século XVI ao século XX.
É objetivo da Casa dos Patudos, mensalmente, dar destaque a um a peça da sua coleção, sendo este mês apresentado um retrato de José Relvas executado por José Malhoa.
Natural da Golegã, José Relvas inicia os seus estudos superiores na Universidade de Coimbra por volta dos anos setenta de oitocentos onde conhece Bernardino Machado, possivelmente, tendo contacto nesta altura pela primeira vez com a questão republicana. Não satisfeito com o ambiente académico coimbrão, abandona o curso de direito e em 1877 pede a sua transferência para o Curso Superior de Letras da Universidade de Lisboa, tendo concluído os seus estudos em 1880.
Terminados os estudos, regressa à Golegã, casa com D. Eugénia (1865 - 1951) e têm três filhos: Maria Luísa (1883 - 1896); Carlos (1884 - 1919) e João Pedro (1887 - 1899).
José de Mascarenhas Relvas está retratado de corpo inteiro, sentado, a ¾, perfil para a direita e rosto de frente com o braço esquerdo apoiado na secretária e o direito no braço da cadeira.
Relvas é retratado com cabelo curto, escuro e bigode. Traja roupa escura com sobretudo, gravata e calça. Sobressai o colarinho branco da camisa, o cachecol pendurado ao peito e o lenço no bolso exterior do sobretudo.
O rosto é marcado pela sua expressão tranquila, com as carnações bem trabalhadas ao nível do desenho e da pincelada. O autor, José Malhoa, procurou retratar José Relvas no seu ambiente de trabalho, representando-o sentado numa cadeira de costas fixas, vazadas, de forma semi-circular, junto à secretária. Esta com diversos papéis espalhados – como quem estava a trabalhar e fora interrompido – e uma escultura de campino que ainda hoje podemos ver na biblioteca da Casa dos Patudos. Ao fundo é visível um apontamento de móvel com jarra. As paredes lisas, apresentam alguns apontamentos decorativos, do mesmo modo que no chão vemos representado um grande tapete que cobre parte do chão.

Bibliografia:
FALCÃO, José António (dir.) – XIX Século XX, Momentos da Pintura Portuguesa na Casa dos Patudos. Alpiarça: Casa dos Patudos/ Museu de Alpiarça, 2007.
FRANÇA, José Augusto – A Arte em Portugal no século XIX, 3ª ed. Vol II. Lisboa: Bertrand Editora, 1990.
NORAS, José Raimundo – José Relvas 1858 – 1929 (Fotobiografia). Leiria: Imagens e Letras, 2009.
SALDANHA, Nuno – José Malhoa na colecção de José Relvas. Alpiarça: Casa dos Patudos, 2001


[1] Importa referir que a República Portuguesa não era reconhecida na Corte de Afonso XIII.


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