27 de Janeiro de 1919 – 30 de Março de 1919.
Governo de José Relvas
O
19º Governo da Primeira República, nomeado a 27 de Janeiro de 1919,
liderado por José Relvas, ficou conhecido pelo
Governo da Desforra, por ser logo seguido aos governos sidonistas.
Em
1919, a conjuntura política entrou numa crise profunda, após o
assassinato de Sidónio Pais (14 de Dezembro de 1918), por José
Júlio da Costa.
É nesta data que durante um período de grande
instabilidade política José Relvas foi Primeiro Ministro e Ministro
do Interior (27 de Janeiro a 30 de Março de 1919).
O Directório
do Partido Democrático, perante esta instabilidade política exigia
um governo de concentração republicana. Para a tarefa de dirigir o
novo executivo, nada melhor que um republicano histórico: José
Relvas.
A escolha recaiu sobre este uma vez que era um político
moderado, mas também pelo seu estatuto, pela independência, pelo
republicanismo firme e também pelo seu espírito conciliador Estas
características faziam de Relvas a personalidade que melhor se
adequava à liderança política no contexto histórico
pós-sidonista.
No seu Governo estavam representados todos os
partidos da República, incluindo um membro do partido socialista com
a pasta do Trabalho. A sua composição era a seguinte: Presidência
e Interior, José Relvas (republicano independente); Justiça,
Francisco Manuel Couceiro da Costa (evolucionista); Finanças,
António Paiva Gomes (democrático); Guerra, António Maria de
Freitas Soares (independente); Marinha, Tito Augusto de Morais
(unionista); Estrangeiros, Egas Moniz (sidonista); Comércio, Pinto
Osório (sidonista); Colónias, Carlos da Maia (independente
pró-sidonista); Instrução, Domingos Leite Pereira (democrático);
Trabalho, Augusto Dias da Silva (socialista); Abastecimentos, João
Henriques Pinheiro (sidonista); e Agricultura, Jorge de Vasconcelos
Nunes (unionista).
Os objectivos do Governo de Relvas
centravam-se na defesa das instituições e na normalização de
todas as actividades perturbadas pelos contrarrevolucionários. O
Presidente do Ministério sabia que a recomposição política do
regime exigia uma disciplinada e ordenada distribuição dos cargos
públicos.
Na apresentação do Governo ao Senado, no dia 3 de
Fevereiro, José Relvas afirmou, como nos relata nas suas memórias
políticas, que: «a sua missão é grande e bem difícil, mas em
poucas palavras se resume: subjugar enérgica e rapidamente a revolta
monárquica, promover a punição justa e legal de todos os
responsáveis por tão criminosa tentativa, restabelecer a
normalidade em todo o país e em seguida entregar o regime, salvo e
purificado, em mãos que forem competentemente escolhidas para a
continuação da obra redentora iniciada em 5 de Outubro de 1910».
O
Governo de José Relvas foi bem acolhido pelo Presidente da
República, Canto e Castro, e pela opinião pública. O Ministério
que dirigiu durou apenas dois meses – de 27 de Janeiro a 30 Março
de 1919 –, mas apesar disso, teve um papel decisivo na Restauração
da República e na destruição dos restos do sidonismo.
Nuno
Prates
Conservador da Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça