terça-feira, 28 de janeiro de 2020

GOVERNO DE JOSÉ DE MASCARENHAS RELVAS


27 de Janeiro de 1919 – 30 de Março de 1919.

Governo de José Relvas

O 19º Governo da Primeira República, nomeado a 27 de Janeiro de 1919, liderado por José Relvas, ficou conhecido pelo Governo da Desforra, por ser logo seguido aos governos sidonistas.

Em 1919, a conjuntura política entrou numa crise profunda, após o assassinato de Sidónio Pais (14 de Dezembro de 1918), por José Júlio da Costa.
É nesta data que durante um período de grande instabilidade política José Relvas foi Primeiro Ministro e Ministro do Interior (27 de Janeiro a 30 de Março de 1919).
O Directório do Partido Democrático, perante esta instabilidade política exigia um governo de concentração republicana. Para a tarefa de dirigir o novo executivo, nada melhor que um republicano histórico: José Relvas.
A escolha recaiu sobre este uma vez que era um político moderado, mas também pelo seu estatuto, pela independência, pelo republicanismo firme e também pelo seu espírito conciliador Estas características faziam de Relvas a personalidade que melhor se adequava à liderança política no contexto histórico pós-sidonista.
No seu Governo estavam representados todos os partidos da República, incluindo um membro do partido socialista com a pasta do Trabalho. A sua composição era a seguinte: Presidência e Interior, José Relvas (republicano independente); Justiça, Francisco Manuel Couceiro da Costa (evolucionista); Finanças, António Paiva Gomes (democrático); Guerra, António Maria de Freitas Soares (independente); Marinha, Tito Augusto de Morais (unionista); Estrangeiros, Egas Moniz (sidonista); Comércio, Pinto Osório (sidonista); Colónias, Carlos da Maia (independente pró-sidonista); Instrução, Domingos Leite Pereira (democrático); Trabalho, Augusto Dias da Silva (socialista); Abastecimentos, João Henriques Pinheiro (sidonista); e Agricultura, Jorge de Vasconcelos Nunes (unionista).
Os objectivos do Governo de Relvas centravam-se na defesa das instituições e na normalização de todas as actividades perturbadas pelos contrarrevolucionários. O Presidente do Ministério sabia que a recomposição política do regime exigia uma disciplinada e ordenada distribuição dos cargos públicos.
Na apresentação do Governo ao Senado, no dia 3 de Fevereiro, José Relvas afirmou, como nos relata nas suas memórias políticas, que: «a sua missão é grande e bem difícil, mas em poucas palavras se resume: subjugar enérgica e rapidamente a revolta monárquica, promover a punição justa e legal de todos os responsáveis por tão criminosa tentativa, restabelecer a normalidade em todo o país e em seguida entregar o regime, salvo e purificado, em mãos que forem competentemente escolhidas para a continuação da obra redentora iniciada em 5 de Outubro de 1910».
O Governo de José Relvas foi bem acolhido pelo Presidente da República, Canto e Castro, e pela opinião pública. O Ministério que dirigiu durou apenas dois meses – de 27 de Janeiro a 30 Março de 1919 –, mas apesar disso, teve um papel decisivo na Restauração da República e na destruição dos restos do sidonismo.


Nuno Prates
Conservador da Casa dos Patudos - Museu de Alpiarça


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