Jarra
Beethoven
Faiança
Rafael
Bordalo Pinheiro
1902
CP
– MA
Inv.
Nº 84.357
Neste
ano de 2020 comemora-se o 250.º aniversário do nascimento de Ludwig
van Beethoven (1770-1827), este talvez o compositor mais influente na
História da Música.
A
peça do mês de Outubro é uma das obras mais emblemáticas da
colecção da Casa dos Patudos: a Jarra
Beethoven. No
mês da música, prestamos homenagem ao compositor preferido de José
Relvas. A título de curiosidade foi também o nome que usou quando
entrou, em Março de 1911, para a Maçonaria, fazendo parte da Loja
Acácia, em Lisboa.
A
Jarra Beethoven, em cerâmica opaca mais ou menos porosa, pintada e
vidrada, trabalho de alto relevo, é uma magnífica peça de faiança
da Fábrica das Caldas da Rainha, realizada pelo grande mestre Rafael
Bordalo Pinheiro. Foi encomendada pelo Sr. José Relvas,
expressamente para a sua Sala de Música, toda ela apresentando uma
leveza e riqueza no pormenor.Na
jarra, toda cheia de simbolismo, podemos ver no alto, uma figura
alada segurando uma coroa de louros e uma tuba que representa a fama.
Em baixo outra figura curiosa, um velho de longas barbas brancas e
grandes asas tem na mão uma foice e uma ampulheta. É o tempo que
com a mão em concha junto do ouvido, numa atitude de total abandono,
rende homenagem à música de Beethoven. No centro, a colaboração
do distinto miniaturista, Mestre Elias, discípulo de Rafael Bordalo
Pinheiro; oferece-nos o famoso quarteto de cordas de Beethoven, nos
músicos e na escrita do outro lado, e o medalhão primorosamente
trabalhado é a efígie do grande músico. Ao alto uma águia assenta
sobre ela a sua possante garra como símbolo de grandeza e do seu
maravilhoso poder de evocação. Na base, junto a um pequeno órgão,
duas figuras: a Harmonia e a Melodia, uma pequena figura, em cima, o
quarteto, representa a inspiração. Anjos, grinaldas de flores e
folhas de acanto envolvem a garra num movimento que nos faz lembrar
até certo ponto e com um pouco de imaginação certos arrobos da
música de Beethoven. Na base ainda um pequeno gato preto, que não
está ali por mero acaso, mas sim porque era o animal de estimação
de Bordalo Pinheiro. O ceramista, na sua fantasia de artista,
colocava o gato preto, o
pires como
uma segunda assinatura em diversos trabalhos.
A
Jarra Beethoven foi uma oferta do artista a José Relvas, no ano de
1902, uma vez que a primeira jarra, pela sua grandiosidade, o patrono
da Casa dos Patudos achou que não ficaria bem na sua casa. A jarra
maior encontra-se hoje no Brasil e tem uma história muito curiosa.
Como não tinha comprador em Portugal, o ceramista levou-a para o
Brasil, em 1899. Aqui também não encontra comprador e promove um
sorteio de 1.000 bilhetes (para a sortear). O número premiado ficou
por vender
e a peça acabou por ser oferecida ao Presidente da República
daquele país, Campos Sales, destinada à Sala de Música do Palácio
do Catete (Palácio Presidencial no Rio de Janeiro). Esta Jarra
Beethoven hoje encontra-se na Sala Aloísio Magalhães do Museu
Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.