sexta-feira, 11 de maio de 2012

Conferência: A Pintura de Francisco José Resende na Casa dos Patudos



No passado dia 29 de abril, realizou-se mais uma conferência subordinado ao tema: Uma peça da coleção comentada por …
A peça comentada foi a pintura Mulheres de Ílhavo, de Francisco José de Resende.
A conferência foi dinamizada pelo Dr. João Tomé Duarte Mestre em História de Arte Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto
O conferencista iniciou a sua apresentação contextualizando a época em o artista viveu, este nasce no Porto em 1825. Inicia o seu percurso artístico pelo desenho, inscrevendo-se, em 1841, no curso de Desenho, Perspetiva e Anatomia da Academia Portuense de Belas Artes. Não satisfeito com os resultados obtido na Academia, Resende procura, em 1851, Augusto Roquemont, “possivelmente com o intuito de colmatar as lacunas que a Academia não fora capaz de suprir” . Resende só teve a possibilidade de trabalhar um ano com Roquemont, devido à morte deste. Tal acontecimento marcou-o profundamente, “levando-o a retratar-se soturno e desolado junto da campa de Roquemont” . Para contrariar uma série de acontecimentos trágicos, Resende parte para Paris, beneficiando de uma bolsa de estudo que lhe foi atribuída por D. Fernando II. “Durante a sua curta estadia na cidade, descontinuada pela débil saúde que o força a um prematuro regresso a Portugal, estuda no atelier de Adolphe Yvon” .
A década de 50 do século XIX é um período de relativa acalmia para Resende. Em 1851, é nomeado professor substituto para a aula de Pintura da Academia Portuense das Belas-Artes , “em 1865 recebe a medalha de segunda classe na Exposição Internacional do Porto; e, no ano seguinte, a cruz de cavaleiro de S. Maurício e S. Lázaro, a qual vai constituir no futuro uma verdadeira arma de arremesso contra as críticas viperinas que lhe são feitas” .
Mesmo aprendendo com grandes mestres, como Roquemont e Yvon, Resende não conseguiu superar as suas dificuldades. Genericamente, a obra de Resende é caracterizada por “fisionomias inexpressivas, anatomias desajeitadas, perspectivas defeituosas, carência de sensibilidade pictórica, incapacidade na expressão de densidade psicológica ou incorrecta colocação da luz” . No entanto, a persistência de Resende “conseguiu pelo menos que a pintura romântica continuasse a ser vista e comentada na cidade” . Mourato refere que “bastaria essa proeza para o tornar digno de aplauso” .
O quadro Mulheres de Ílhavo é representativo da expressão romântica de Francisco José Resende. A obra, óleo sobre cartão com apenas 35cm de altura por 22cm de largura ilustra na perfeição a expressão romântica em Portugal. Na paleta dominam as cores quentes, vivas e térreas. A cor é trabalhada de forma a criar grandes vibrações cromáticas acentuando os planos de sombra-luz-sombra.

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