quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Peça do Mês - Janeiro

Nossa Senhora a alimentar o Menino
Buril (colorido)
Marten de Vos

Século XVI
17,2 cm X 12,9 cm
CP – MA
Inv. N.º 84.604

Para o mês de Janeiro, da nossa colecção de arte, escolhemos um buril, impresso em papel, de origem flamenga, da autoria de Marten de Vos que representa Nossa Senhora a alimentar o Menino.
Filho do pintor Pieter de Vos, Marten de Vos nasceu em Antuérpia, em 1532. Tal como muitos outros pintores europeus, aperfeiçou-se em Itália. De volta à sua terra natal, Marten de Vos, tornou-se o mestre mais prestigiado de Antuérpia, ocupou o lugar de decano da Guilda entre 1571 e 1572. Faleceu nessa mesma cidade em 1603.
O buril apresentado, impresso em papel, possui a particularidade de se encontrar minuciosamente colorido, à maneira do Norte da Europa. No entanto, é de salientar que não estamos perante uma simples Adoração, mas sim perante uma cena da infância de Jesus, quando Nossa Senhora procedeu ao seu desmame.
Nesta obra, Marten de Vos retomou o episódio da alimentação de Jesus com uma abundância de pormenores, introduzindo-o no enquadramento da cozinha da casa de José e Maria, que corresponde a uma habitação pitoresca da Flandres quinhentista.
Em primeiro plano, sentada dentro de uma ceira, similar às usadas para as crianças, Nossa Senhora tem o Menino ao colo e alimenta-o com uma colher de cabo alongado, recolhendo o leite de uma escudela aquecida numa trempe que jaz no chão, perto do lume aceso à boca da lareira.
A Criança, desnuda sobre um pano de pureza, agita-se alegremente e deixa escorrer algumas gotas do liquido pelo queixo. De acordo com a regra iconográfica, a mãe tem o cuidado de não tocar de forma directa o corpo do filho, por uma questão de respeito, e, para ampará-lo, usa uma dobra do tecido. Junto de si, um baú aberto com o enxoval da Criança.
Enquanto a Virgem alimenta o Filho, o aposento está a ser arrumado por três anjos que vieram auxiliar nas tarefas domésticas, de acordo com a tradição dos finais da Idade Média. Um deles seca um cueiro junto às chamas e contempla o Menino; outro ajeita o berço; o terceiro, tendo um frasco na mão, chama a atenção para alguém que chega.
De facto, uma mulher vinda de um aposento no piso superior acaba de abrir a porta e olha a cena. Do lado oposto, através de uma grande porta aberta para o exterior vê-se uma rua típica da Flandres, com edifícios bem caracterizados e arvoredo. Aí surge José, já com alguma idade, de machado em punho, a trabalhar no aparelhamento de um tronco, rodeado pelas ferramentas de carpinteiro.

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