segunda-feira, 1 de março de 2021

Peça do Mês - Março

Caim
Escultra de Bonze (FundiçãoThiébaut Frères – Fondeurs - Paris)
Teixeira Lopes
1899
99 cm X 58 cm
CP – MA
Inv. Nº 84.1
A peça divulgada neste mês de Março é uma escultura em bronze, intitulada Caim, da autoria de Teixeira Lopes (1866-1942). A obra de arte ao tempo em que o Sr. José Relvas (1858-1929) viveu na Casa dos Patudos encontrava-se exposta na Biblioteca. Quando a casa abriu ao público, em 15 de Maio de 1960, a obra de arte foi colocada no jardim exterior. Ultimamente esteve em reserva, mas voltou para a exposição permanente, encontrando-se exposta no Vestíbulo Final.
O escultor António Teixeira Lopes, nasceu em Vila Nova de Gaia, em 24 de Outubro de 1866, filho do também escultor José Joaquim Teixeira Lopes e de Raquel Pereira de Meireles. Inicia a aprendizagem de escultura na oficina do seu pai, em 1881 e no ano seguinte ingressou na Academia Portuense de Belas-Artes, onde foi aluno de Soares dos Reis e Marques de Oliveira. No ano de 1885 (quando frequentava o terceiro ano do curso) muda-se para Paris para completar os seus estudos, é aluno na École des Beaux-Arts, onde teve como orientadores Gauthier e Berthet, obtendo vários prémios. Nos anos seguintes continuou a apresentar trabalhos em exposições (em Portugal e França). No ano de 1895, com projecto do seu irmão, o arquitecto José Teixeira Lopes construiu o seu atelier na Rua do Marquês de Sá da Bandeira, em Vila Nova de Gaia, onde hoje se situa a Casa-Museu Teixeira Lopes e onde se preserva uma parte significativa da sua obra.
Era Maçon, tendo sido iniciado em 1898, na Loja Ave Labor, do Grande Oriente Lusitano Unido, usando o nome simbólico de Rude.
Em 1900 participou na Exposição Universal de Paris, tendo obtido um Grand Prix e a condecoração de Cavaleiro da Legião de Honra. Esse sucesso consolidou a sua posição e, em 1901, assumiu o lugar de professor de escultura da Academia Portuense de Belas-Artes, que manteve até 1936 (ano da sua jubilação). Teixeira Lopes é autor de um conjunto importante de esculturas que se encontram em Portugal e no Brasil, das quais se destacam as portas de bronze da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. Ao longo da sua carreira artística recebe vários prémios e condecorações. Vem a falecer com 75 anos de idade, em São Mamede de Ribatua (Alijó).
Esta escultura em bronze retrata a infância de Caim, a figura de um rapaz nu, sentado numa rocha, pensativo e numa expressão de angustia. Está bem definida uma fisionomia infantil e de expressão perturbada que evoca o infortúnio. Além da uma carga emotiva, a obra define solidez de técnica.
O jovem Caim apresenta as pernas juntas e flectidas à esquerda e a cabeça, ligeiramente inclinada, apoia-se no seu braço esquerdo; o braço direito encontra-se esticado e apoia-se na rocha. O cabelo desalinhado, o olhar desviado para a esquerda do observador e a boca entreaberta (deixando observar os dentes).
Na base rectangular, desenvolve-se um baixo relevo onde se pode ver uma figura humana deitada e outra de pé que se afasta, representa a história de Caim e Abel, narrada no Livro do Gênesis, em que Caim mata o seu irmão Abel.
Esta escultura em bronze é uma réplica da peça em mármore que se encontra no Museu Soares dos Reis, no Porto, e foi adquirida ao artista por José Relvas no ano de 1899, pagando-lhe quatro mil reis.


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