quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Peça do mês - setembro


Relógio Francês – Estilo Império

bronze dourado, ferro, madeira (pau-santo e pau-rosa) e vidro

Século XIX

56,7 cm X 41,5 cm X 22,1

CP – MA

Inv. Nº 85.496/85.497


No mês de setembro apresentamos uma obra, no âmbito das artes decorativas, um dos muitos relógicos da Casa dos Patudos.

Este é um relógio de bronze dourado e ferro, de Estilo Império. Dividido em dois registos, o primeiro, em baixo, ao modo de estilóbato, em formato paralelepipédico, é decorado na face principal e assenta sobre quatro pés de bolacha, ligeiramente salientes. A base deste é decorada, nas faces principais e laterais, com flores de lódão. Na face principal do estilóbato, ao centro, um medalhão circular, definido por uma cercadura de pérolas, no interior, uma concavidade e um friso convexo de palas. No campo, uma figura feminina, sentada numa cadeira de espaldar, de perfil, voltada para a esquerda do observador. Vestida com uma túnica cujas pontas pendem do espaldar da cadeira, tem os peitos desnudados. Os cabelos são apanhados na nuca. Com a perna esquerda mais fletida, apoia a sinistra no joelho direito, na qual segura um búzio. Amparando o queixo na dextra, apoia o cotovelo direito numa coluna truncada. Para cada lado do medalhão, um festão de motivos fitomórficos enrolados em arabesco e volutas. No registo superior eleva-se um soco de secção retangular, encimado por um vaso com asas de feição clássica, cheio de frutos, decorados no friso do bordo por óvalos e dardos e na base do recipiente com godrões, separados de um estreito friso convexo por barras. A máquina do relógio está inserida neste soco, ocupando o mostrador a parte superior da face principal. De forma circular e cor branca, com os números em numeração romana e divisões pintadas a negro, apresenta dois ponteiros da mesma cor, rematados por um círculo vazado e uma ponta setiforme. Abaixo do eixo dos ponteiros, dois orifícios, junto aos números 8 e 4, para a chave da corda. Abaixo destes, a inscrição Chatourel à Paris. Em volta do mostrador, uma cercadura com um enrolamento de cordão e pérolas. Nos cantos superiores, ornatos fitomórficos em arabesco. Em baixo, duas cornucópias, em S, contrapostas, com o extradorso, na parte inferior, encostado a um mascarão, ao centro, e rematadas por flores e folhas enroladas em volutas. Uma abertura circular, na parte posterior, permite ver a máquina e campainha do relógio. À esquerda do soco, para o observador, uma figura feminina (Pomona – deusa romana da abundância e dos pomares), de pé, trajada com uma túnica, coberta por um manto, apanhado por uma pregadeira sobre o ombro esquerdo, cuja ponta é apanhada pela sinistra, de modo a conter várias flores e frutos. Este braço apoia o cotovelo sobre o soco do relógio. A dextra, caída ao longo do tronco, segura uma coroa de flores e frutos. Descalça, avança com a perna esquerda. Uma abertura na túnica, encimada por dois botões, deixa-lha perna nua até à altura da coxa. Os cabelos, entrançados, são apanhados na nuca e cingidos por uma fita larga. Na testa, um diadema com uma roseta de quatro pétalas. No lado oposto do soco, um ancinho e uma pá cruzados em aspa. As pontas dos cabos, para baixo, são decoradas com folhagem, ao modo de corola, ornamentação que se repete junto à união com a ferramenta, num esquema de simetria, que nasce de um toro e um friso de godrões, onde assenta a folhagem. A ligação à pá faz-se por duas volutas em S, contrapostas, com um extradorso nos lados e um enrolamento para o interior, onde se encostam, ao centro, opção decorativa que se repete na outra alfaia.

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