São
Sebastião
Madeira
Policromada e Dourada
José
Almeida
Século
XVIII (ca. 1740-1750)
122,3
cm
Inv.
Nº 84.66
CP
– MA
Em
janeiro apresentamos como peça do mês uma escultura de São
Sebastião, no
dia 20 deste mês,
celebra-se o dia do seu do martírio. Nasceu
em Narbona, sul de França, em meados do século III da Era Cristã.
Enveredou por uma carreira militar, de forma a defender os cristãos
que sofriam
uma terrível perseguição. Segundo
a tradição católica, o mártir São Sebastião foi um soldado
romano, mandado executar pelo Imperador Romano Diocleciano, após o
seu martírio começou a ser venerado como santo. O culto de S.
Sebastião nasceu no século IV e atingiu o seu auge na Baixa Idade
Média.
Era
um dos temas preferidos dos pintores do Renascimento, o
martírio de São Sebastião,
foi retratado por vários artistas, entre eles, Bernini,
Perugino, Mantegna e Botticelli. Em geral, o corpo é
mostrado atravessado por flechas.
Na
obra de arte da Casa dos Patudos, o
mártir surge amarrado a um tronco que se ergue sobre um montículo
rochoso, por sua vez assente numa base marmoreada. Esta oferece de
suporte, a figura que se encontra presa por cordas a um tronco. O
ramo esquerdo é representado um pouco alteado, proporcionando o
esteio para um braço. Por sua vez, o galho truncado do lado direito
serve de apoio para o cotovelo de outro braço, o qual cai na direção
do solo.
Sobre
a nudez natural do corpo, amplificada pela textura uniforme da
árvore, destaca-se na diagonal um pano da pureza. A estrutura
anatómica foi perfurada por seis grossas setas, dispostas em sítios
bem escolhidos, como se proporcionassem uma escada que sobre até ao
céu. No seu rosto, o mártir não deixa transparecer qualquer
indício de sofrimento ou desconforto, mesmo que as flechas tenham
abrido orifícios onde o sangue jorra. Assim, a figura parece
contemplar o infinito.
Junto
à base do tronco estão alguns elementos que simbolizam a sua
condição como oficial da Guarda Pretoriana, tais como a couraça
metálica, o elmo emplumado, a clâmide e o manto.
O
conjunto é complementado por um anjo, preso à extremidade superior
do tronco por dois espigões metálicos, que voa a partir do céu na
direção de São Sebastião. O anjo teria na mão direita
provavelmente uma coroa de louros, simbolizando o triunfo do mártir
sobre a morte. Trata-se de uma adaptação do motivo utilizado por
Giovanni Antonio Bazzi, em 1525, na bandeira de Compagnia di San
Sebastiano, de Camollia.
Os
motivos decorativos e a paleta cromática, caraterísticos do gosto
dos meados do século XVIII, demostram os efeitos dramáticos do
Barroco.
Foram,
também, utilizadas técnicas como a aventurina (introdução de
limalhas de cobre nas tintas, destinadas a enriquecer o revestimento
da base) e a aplicação de pigmentos a que se adicionou grafite
moída, de modo a conferir um brilho metálico ao capacete.
O
autor da obra, José de Almeida (ca. 1700 – 1769), foi bolseiro da
Academia Portuguesa em Roma, de 1718 a 1728. Foi aluno de mestres
como Carlo Monaldi. Especializou-se na escultura pétrea, mas quando
regressa a Portugal enveredou pela escultura em madeira.
A
escultura foi adquirida por José Relvas, em finais do século XIX,
no comércio de antiguidades de Lisboa.