As
Papas (Estudo)
Desenho
a Carvão
José
Malhoa
1897
62,
cm X 75,5 cm
CP
– MA
Inv.
Nº 85.477
A
peça divulgada neste mês de Fevereiro é o estudo para As
Papas, da
autoria de José Malhoa.
O
artista nasceu nas Caldas da Rainha, a 28 de Abril de 1855 e morreu
em Figueiró dos Vinhos a 26 de Outubro de 1933, oriundo de uma
família humilde, ainda jovem parte para Lisboa, aprender o ofício
artesanal de entalhador. Em 1867 com 12 anos, enquanto
estudante, ingressa
na Academia Real de Belas Artes onde cursa pintura e trabalha também
no comércio. José Malhoa foi discípulo de Miguel Lupi (1826-1883)
e Tomás da Anunciação (1818-1879); não tem formação no
estrangeiro, apesar de concorrer ao pensionato em Paris, nunca o
frequentou e dedica-se unicamente ao trabalho no comércio, ficando a
pintura para as horas vagas.
Em
1881 inicia
o
Grupo
do Leão,
este grupo era uma tertúlia artística e literária que reunia
artistas formados na estética do naturalismo. Com o Grupo
do Leão
expôs em 1881 e obteve um grande sucesso. A partir desta data vive
unicamente para a arte, concorria a todas as exposições e no seu
atelier ensina a sua arte a vários discípulos. Com
uma formação naturalista José Malhoa mostra-nos o Portugal real,
um país rústico e burguês onde existem várias cenas que com a
beleza da pintura são retratadas, dá-nos a conhecer a realidade
portuguesa da época em que viveu.
O
desenho a carvão que apresentamos, está assinado e datado (1897) é
o estudo para a pintura a óleo As
Papas
executada no ano seguinte e enviada ao Salão da Paris, foi adquirida
por José da Costa Falcão. O estudo que apresentamos foi oferecido a
José Relvas (1858-1929),
pelo seu amigo Malhoa. A
amizade entre José Relvas e Malhoa era consolidada pelo apreço
mútuo e por um grande número de afinidades de ordem ideológica e
estética. Era com grande frequência que Malhoa visitava a Quinta
dos Patudos, em Alpiarça, e aqui produziu algumas obras para a
colecção Relvas.
O
estudo para As
Papas é
um exemplo da fase da pintura mais sombria do artista. O desenho a
carvão representa duas velhas, de Figueiró dos Vinhos, comendo
papas, aparentemente de milho, as
chamadas papas de carolo.
Uma
das velhas come em cima de uma mesa erguendo uma colher de pau, a
outra com o mesmo gesto segura, o seu prato na mão. Ao lado vê-se
um cesto com alguns objectos.
Ambas
as mulheres apresentam traços rudes das figuras populares, tão ao
gosto de Malhoa. Uma das velhas está em cabelo e a que se apresenta
em primeiro plano está retratada de lenço, percebe-se que é
desdentada, deixando transparecer de uma forma serena o peso da idade
(a própria velha viria a falecer pouco depois de retratada).
De
destacar ainda alguns apontamentos na margem direita do desenho, uma
representação de uma caricatura de uma cara humana e do boneco da
galinha e da poia, estes
apontamentos dão um ar pitoresco à composição.
A
moldura é em madeira com ramagens entrelaçadas em gesso dourado e
tem vidro.