segunda-feira, 1 de julho de 2024

Peça do mês - julho

 

Do Alto do Castelo (Abrantes)

Óleo sobre cartão

José Serra da Motta

1929 (Século XX)

44,2 cm X 57,4 cm

CP – MA

Inv. Nº 85.499


Em julho, a peça do mês é uma pintura a óleo sobre cartão, é uma composição com vista do rio tejo (em Abrantes), representada a partir de uma elevação. Em primeiro plano, ao centro, uma casa e dependências, com vários telhados. À esquerda desta, para o observador, duas árvores altas. O resto da encosta é preenchido por vegetação rasteira e alguns arbustos. No vale, o rio tejo, com águas azuis, bastante assoreado, vendo-se diversos areais. Nas margens, algum arvoredo. No horizonte vislumbra-se a silhueta de uma serra. O céu, que ocupa o quarto superior da composição, apresenta cor azul, com algumas nuvens brancas e cinzentas junto à linha do horizonte. No canto inferior direito, em duas linhas, a assinatura e data J. Motta/1929.

O pintor José Sebastião Serra da Motta (1883 – 1943) nasceu na cidade de Abrantes, em 10 de dezembro de 1883. Desde cedo manifestou o gosto pelas artes e a sua vocação de artista, começando a pintar a óleo aos 18 anos. Frequentou a Faculdade de Direito, mas nunca abandonando o desenho. Concluiu o curso de Direito em 1908 e estabelece-se em Abrantes, como notário.

Pintor autodidata, procura os conselhos de artistas consagrados que lhe reconheciam o valor (salientando-se o Mestre António Saúde de quem foi aluno e grande amigo). A partir de 1915, começa a expor no Salão da Primavera da Sociedade de Belas Artes onde foi premiado.

A pintura Do alto do Castelo (Abrantes), foi exposta na Vigésima Sexta Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes, inaugurada a 25 de abril de 1929 e premiada com a medalha de 2ª classe. De destacar que esta foi uma das últimas obras a integrar a coleção de José Relvas (1858-1929).




sábado, 1 de junho de 2024

Peça do mês - junho

 


Retrato de Maria Luísa Relvas, em criança

Óleo sobre tela

José Malhoa

Século XIX (c.1887)

31,8 cm X 24,9 cm

CP – MA

Inv. Nº 85.492

Em Portugal é no dia 01 de junho que celebramos o dia da criança. A Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça escolheu para este mês uma pintura a óleo sobre tela, o Retrato da filha mais velha de José Relvas (1858 - 1929), Maria Luísa Relvas (1883 - 1896), em criança, em meio-corpo, voltada com tronco a três quartos para a esquerda do observador, mas olhando em frente. De cabelos curtos e lisos, castanhos claros, um vestido cor de rosa claro, de meia manga, com rendas brancas nas mangas e decote.

Maria Luísa Relvas foi retratada duas vezes por José Malhoa, nesta pintura, não datada, surge ainda criança, busto de menina com cerca de quatro anos, vestido rosa, olhar frontal e precocemente circunspecto, destacando-se do fundo vermelho, com um rigor de iluminação e desenho que nos poderia lembrar um registo fotográfico.

A Moldura é em madeira, pintada de preto, ornada com apliques metálicos, dourados. No exterior um emolduramento de arabescos, seguindo de um friso de aros. No interior uma concavidade dourada.



quarta-feira, 1 de maio de 2024

Peça do mês - maio

 

Retrato de Velha

Óleo sobre tela

José Malhoa

Século XX (1903)

22,6 cm X 17,8 cm

CP – MA

Inv. Nº 85.490

A peça do mês de maio é uma pintura a óleo sobre tela colada em madeira, da autoria de José Malhoa. Um Retrato de Velha voltado a três quartos para a direita do observador. Veste blusa branca, coberta por um colete em tons de castanho com traços de vermelho. Sobre a cabeça, um lenço vermelho, que lhe cai pelos ombros coberto por um chapéu de abras largas, de palha. O fundo do retrato é constituído por largas pinceladas em tons de azul, verde e roxo.
O artista nasceu nas Caldas da Rainha, a 28 de abril de 1855 e morreu em Figueiró dos Vinhos a 26 de outubro de 1933, oriundo de uma família humilde, ainda jovem parte para Lisboa, aprender o ofício artesanal de entalhador. Em 1867 com 12 anos, enquanto estudante, ingressa na Academia Real de Belas Artes onde cursa pintura e trabalha também no comércio. José Malhoa foi discípulo de Miguel Lupi (1826-1883) e Tomás da Anunciação (1818-1879); não tem formação no estrangeiro, apesar de concorrer ao pensionato em Paris, nunca o frequentou e dedica-se unicamente ao trabalho no comércio, ficando a pintura para as horas vagas.
Em 1881 inicia o Grupo do Leão, este grupo era uma tertúlia artística e literária que reunia artistas formados na estética do naturalismo. Com o Grupo do Leão expôs em 1881 e obteve um grande sucesso. A partir desta data vive unicamente para a arte, concorria a todas as exposições e no seu atelier ensina a sua arte a vários discípulos. Com uma formação naturalista José Malhoa mostra-nos o Portugal real, um país rústico e burguês onde existem várias cenas que com a beleza da pintura são retratadas, dá-nos a conhecer a realidade portuguesa da época em que viveu.
A moldura é em madeira e gesso, pintada a ouro a velho. No interior, um friso do perlado; no exterior um toro de louro, passado por uma fita nos cantos.
A obra de arte foi oferecida a José Relvas, por José Malhoa, em 1903.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Peça do mês - abril

 

A libertação de Andrómeda

Óleo sobre tela

Att. Antoine Coypel

Século XVIII

167,6 cm X 83 cm

CP – MA

Inv. Nº 84.339

A peça do mês de abril é uma pintura da Escola Francesa do século XVIII, representa uma cena da mitologia grega: A libertação de Andrómeda. Nela está representado Perseu (semideus, conhecido por ser o fundador da mítica cidade-estado de Micenas) libertando Andrómeda (princesa da Etiópia, oferecida como sacrifício a um monstro marinho).

O herói da mitologia grega é retratado no ato de libertar Andrómeda, depois de derrotar o monstro do mar que a manteve como prisioneira. Perseu usa capacete, couraça, manto e sandálias aladas, que lhe permitiam voar, em segundo plano vê-se o escudo com a cabeça de Medusa (monstro do sexo feminino, tinha a particularidade de quem olhasse diretamente para ela seria transformado em pedra, foi decapitada pelo herói Perseu, que usa a sua cabeça como arma) A princesa Andrómeda aparece representada seminua algemada nos tornozelos, encontrando-se junto a um precipício e Perseu está a libertá-la das correntes que a prendem.

O pintor Antoine Coypel (1661-1722) era filho do também pintor francês Noel Coypel, com ele estuda quatro anos na cidade de Roma. O artista recebeu uma cuidadosa educação literária e artística, com apenas dezoito anos foi admitido na Academia Real de Pintura e Escultura de Paris, tornando-se professor e reitor desta Instituição em 1707 e diretor sete anos depois.


sexta-feira, 1 de março de 2024

Peça do mês - março

 


Caixa para biscoitos com tampa

Porcelana suíça

Séculos XIX - XX

11,2 cm X 21,3 cm X 14,6 cm

CP – MA

Inv. Nº 85.535


No mês de março, em que comemoramos o 166º aniversário do nascimento de José Relvas, apresentamos uma obra, no âmbito das arte decorativas, uma caixa de biscoitos que se encontra no Quarto de Dormir do patrono da Casa dos Patudos.

Esta caixa para biscoitos, com tampa, de porcelana vidrada e policromada. De forma oval, e decorada a meia altura por uma barra, em tons de preto e verde, representando um ramo de videira com parras, com uma sequência do esquema decorativo, alternado, composto por uma parra grande, ao centro, seguida de duas mais pequenas, lado a lado, uma das quais de perfil. A tampa, também de formato oval, é decorada com o mesmo motivo, com uma barra ao longo do eixo maior e envolvida por um aro de metal com dobradiça, apertada à caixa por meio de dois parafusos. No lado oposto a esta, uma lingueta do mesmo material, em forma de ponta de lança, com a ponta revirada, serve de fecho, mediante um furo ao centro que encaixa num espigão aparafusado à caixa. No centro da tampa, uma asa elíptica, em metal, presa em dois elementos que intersectam a lado inferior desta. No fundo, mais ou menos ao centro, no sentido do eixo maior, em duas linhas carimbadas 5440/17. A cima desta, incisa, a letra N. À esquerda daquela, junta à orla, e ao alinhamento desta, a inscrição incisa (pouco pronunciada), com a barra e o último algarismo subscritos em relação à linha: 274/3, de modo decrescente. No interior da caixa encontram-se ainda biscoitos da época de José Relvas.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Peça do mês - fevereiro

 


Uma Incroyable

Aguarela sobre papel

Luis Jiménez Y Aranda

1881

54,8 cm X 36,8cm

CP – MA

Inv. Nº 84.812

O título da peça do mês de fevereiro situa-nos em pleno na sua temática, muito grata à quase sempre discreta, mas efetiva crítica de costumes que marcou presença na pinturaespanhola do último quartel do século XIX, sob o impulso do Realismo Social, Incroyable era a designação dada com sentido irónico, na França do Diretório (1795-1799), quando o rigorismo dos tempos de terror começou a ser substituído por um preciosismo da indumentária e das maneiras de se apresentar em público.

A obra apresenta ao centro, no plano principal, uma jovem, ricamente vestida, segundo os ditames da moda daquele período, com vestido comprido, de cintura alta e mangas curtas, em tons de azul e verde sobre um fundo branco, xaile das mesmas cores polvilhado de motivos florais em tons mais fortes. As mitenes de cano alto, o chapéu, preso por fitas que descem sobre o decote, e os sapatos com aplicações típicas do vestuário rococó, não faltam o colar e os brincos. Destaca-se o leque em cima de uma requintada casaca, de interior forrado de arminho (indício de pessoa de alta condição) pousado numa cadeira ao seu lado. O enquadramento da sala vazia, sugere a atmosfera faustosa do salão de baile de um hotel dos inícios do século XIX, com o chão coberto por um grande tapete de Aubusson e a parede fundeira com painéis de decoração clássica.

O pintor Luis Jiménez Y Aranda (1845-1928) estudou na Real Academia de Artes de Santa Isabel da Hungria, em Sevilha, mais tarde em Madrid e em Roma (cerca de dez anos), parte de seguida para França, aqui participa na Exposição Universal de Paris, em 1889, e participa também na de Munique, em 1890, ganha reconhecimento nas obras que retratam cenas da vida quotidiana e costumes espanhóis.

A obra de arte pertenceu à antiga coleção de Vicente Garcia Vela e foi adquirida por José Relvas, pela quantia de 1.000 pesetas, a Enrique Ventura.


sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Peça do mês - janeiro

 

      Busto de Senhora

Porcelana austríaca

Goldscheider

Século XIX

73 cm X 22,8cm

CP – MA

Inv. Nº 85.638



No ano de 2024 o município de Alpiarça, numa candidatura conjunta com os municípios de Almeirim, Cartaxo e Santarém foram eleitos cidade do vinho, como homenagem a esta importante iniciativa apresentamos como peça do mês uma obra de arte em porcelana austríaca, cuja temática está relacionada com temas vínicos

Na obra de arte que apresentamos Busto de Senhora, esta está representada com um chapéu de palha de abas largas, veste uma blusa tufada, ornada com renda que, deixa o peito desnudado, deixando ver o tom da pele; veste ainda colete arrendado azul. Todo o busto é adornado com uvas tintas. A obra de arte aqui apresentada tem influência da Arte Déco e da Arte Nova, apresenta linhas fluidas e motivos decorativos naturalistas. A base da peça é uma mísula e tem a seguinte inscrição Goldscheider – Viena.

Friedrich Goldscheider (1845-1897) foi um influente fabricante de cerâmica, nasceu em Plzen (Chéquia) em 6 de novembro de 1845, aos quarenta anos (1885), em Viena (Áustria), fundou as Fábricas de Cerâmica (Goldscheider Factory e Majolica Factory). Em 1889, ganhou a Medalha de Bronze pelas peças de terracota na Exposição Internacional realizada em Paris.

O artista morreu em Nice, França, em 19 de janeiro de 1897.