O Campino
Estatueta em bronze (fabrico francês – fundido por C. Valsuani)
João da Silva
1923
55 cm X 53 cm
CP – MA Inv. Nº 85.105
Neste
mês de Junho apresentamos uma das obras preferidas do proprietário
da Casa dos Patudos,
o campino, da
autoria de João da Silva. José Relvas coloco-o na sua mesa de
trabalho, na Biblioteca e curiosamente aparece também no seu Retrato
Póstumo, pintado por José Malhoa e adquirido por Eugénia da Silva
Mendes, em 1930.
João
da Silva interessava-se pelas imagens de campinos, desde os inícios
do Século XX, dedicou-lhe um conjunto bastante significativo de
trabalhos.
Trata-se
da figuração de um velho campino como indicam as suíças, que do
alto do seu cavalo e com o pampilho chama o gado. Foi executado a
partir de um original realizado diretamente em cera, cujo estudo foi
feito em Pancas, Samora Correia (Benavente), em 1923, nas
propriedades de José Palha Blanco.
O
campino em bronze, apresenta-se com o traje típico do Ribatejo, não
faltam os adereços como a manta lobeira, a pele de borrego e o
capote cujas texturas contrastam de forma harmoniosa com a pelagem
lisa e as crinas do cavalo.
O
cavalo selado, apresenta um ar cansado. O grupo foi definido de forma
a que, numa perfeita integração do homem e do cavalo, aquele ganhe
proeminência, ficando este curvado para o enfatizar.
A
obra foi realizada na Fundição de Claude Valsuani e foi o próprio
escultor que escolheu o plinto rectangular cinzento (em mármore)
para o colocar.
João
da Silva nasceu em Lisboa, em 1880, dezanove anos depois parte para
Paris, onde faz com distinção o Curso de Belas-Artes, sobre a
orientação de Chaplin e aí participa com duas obras na Exposição
Universal de 1900.
Em
1901 parte para Genebra (Suíça) para a École Supérieur des Beaux
-Arts onde obtém o título de ourives gravador.
Regressado
a Portugal participa na Exposição Nacional de Belas-Artes, em 1905
onde conseguiu a terceira medalha. Participa em vários certames até
1957, ganhando vários prémios.
Fez
alguns monumentos públicos, e em 1911 torna-se professor da Escola
Marquês de Pombal, contudo três anos depois está ligado só à
atividade artística, sendo considerado um escultor e medalhista de
nível internacional.
Em
1949 é agraciado pelo Secretaria Nacional de Informação, com o
Prémio Soares dos Reis, mas não aceitou recebê-lo.
O
artista faleceu em Lisboa, em 1960 na casa onde sempre viveu, na Rua
Tenente Raul Cascais Nº 11.
A
obra de arte apresentada, esteve exposta na 23ª Exposição da
Sociedade Nacional de Belas Artes, em 1926.
Numa
carta de 12 de Junho desse ano, José Relvas manifesta interesse em
adquiri-la e no dia 26 do mesmo mês, é entregue em Paris ao
escultor, por D. Mary Joly, um cheque de 9.000 francos para o seu
pagamento.
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